Rio de Janeiro

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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

sábado, 31 de janeiro de 2015

Isso é Armário / Conto

Isso é Armário!

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A menina chegou à sua casa cheia de novidades.

Aquele foi um dia repleto de atividades.

Pela manhã, antes da escola, durante a natação haviam criticado um parente dela. Disseram que o Ronaldinho não nada, afunda.

Na escola, a secretária chamou-a para fazer um trabalho na biblioteca porque ela não levou a tarefa pronta. Além do trabalho escolar, a menina teve que ouvir a secretária culpar os seus pais porque não ficaram atentos á lição de casa. A menina não gostou nada da crítica porque ela teve uma festa de aniversário no dia anterior e a mãe estava com ela na festa. Voltaram e foram jantar e dormir. Culpa de ninguém, ou melhor, da aniversariante que as convidou para a festa. Culpa de ninguém.

À tarde, depois dos deveres da escola, foi brincar com suas bonecas. Chegou uma amiga e brincaram de casinha. Pegaram refrigerantes na geladeira, alguns biscoitos e tomaram o lanche. Porém, na hora de brincar de servir biscoito com refrigerante, o copo de plástico caiu da mesa e sujou o chão. Elas pegaram um pano e limparam o chão. Mas criança não sabe limpar o chão, então o chão ficou lambuzado de refrigerante.

À noite, o seu pai chegou de viagem.

Feliz por encontrar esposa e filha, beijou a mulher e perguntou à filha como foram os dias enquanto ele estava viajando.

_Sem você, eu e a mamãe não fazemos a lição de casa, passamos o dia em festas de aniversário e deixamos o chão todo bagunçado de refrigerante. Nós fazemos tudo errado e ainda falam mal dos nossos parentes.

O pai abre os olhos enquanto a mulher o chama para o lanche que o aguarda na cozinha com pães, frios, bolos, café e leite.

O homem sorri e pergunta à mulher o que é que tinha acontecido. Ela contou pausadamente tudo o que aconteceu, divertindo-se com o resumo da menina.

Ele, também com saudades da filha, pede à menina que se sente na cadeira ao lado da dele.

Pega o liquidificador e faz uma pergunta à menina:

_Olhe o lanche que a sua mãe preparou. Temos um lanche delicioso à nossa frente. Mas, se eu colocar o pão, os frios, os bolos, o café, o leite e o açúcar no liquidificador e misturar tudo, o lanche ficará bom?

A menina diz que não.

_Agora vamos pensar diferente. Temos os pães na cesta, os frios em pratos de salada, os bolos em travessas, o bule de café com café, a leiteira com o leite fervido e o açucareiro com açúcar. Agora, o lanche é gostoso?

A menina diz que sim.

_Na vida da gente também é assim. A gente não pode misturar tudo que a gente ouve, faz e sente num liquidificador. O resultado não é bom. A gente separa todas as nossas vivências em gavetas diferentes, como se fosse um armário organizado. Você me entende?

A menina disse que entendeu, mas pensou que estava ouvindo uma repreensão e ficou triste.

O pai, percebendo que a menina ficou triste, disse:

_Não é para ficar triste, é para saber. O nome disso se chama lógica e o armazenamento de tudo isso se chama logística.

A menina olhou para o pai e disse:

_Isso é muito complicado.

O pai disse que não. Ele iria demonstrar para a menina o que ele estava dizendo.

Pegou uma xícara.

_Para tomar café com leite você precisa de uma xícara. Isso é lógica. Você aceita que eu sirva o café com leite para você?

A menina disse que sim.

Ele perguntou a medida de café e a medida do leite e do açúcar para a mulher.

A mulher disse as medidas e aconselhou a menina que assoprasse antes de tomar, como habitualmente fazia, porque tudo estava quente.

O homem repetiu as palavras da mulher:

_Assopre e teste para ver se não está muito quente.

Depois perguntou a filha sobre o pão:

_Onde é que está o pão?

_Na cesta de pães.

Ele explicou que isso era logística.

_Escolha o pão que você quer comer.

A menina escolheu o pão que ela achou mais bonito.

Ele falou do gostar:

_Esse é o seu sentir, a vontade sua ao ver as coisas. Guarde sempre com você os seus gostos, as suas aptidões.

A menina olhou para a mãe e disse:

_Mãe, ele fala difícil com você também?

A mulher não conteve uma gargalhada e disse ao marido que simplificasse a linguagem porque ela era pequena.

O homem assentiu e resumiu:

_Quanto você quer de manteiga? O que você quer de recheio? Deixe que eu abra o pão para você.

A menina disse o que queria.

A mãe colocou uma fatia de bolo junto com o sanduíche que o marido oferecia à filha.

_Podemos lanchar?

Começara a lanchar e a menina sugere à mãe para jogar o liquidificador fora.

A mãe disse não.

A menina vira-se para o pai e pergunta se ele concorda em não jogar o liquidificador no lixo.

_Custou caro. Não.

A menina foi se deitar pensando no valor daquele ensinamento. De que valeria saber de lógica e logística quando ambos guardariam o liquidificador no armário da cozinha.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Uma Questão Sociológica / Reflexão

Uma Questão Sociológica / Reflexão

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Faz alguns anos e outros ainda se farão, mas o país passa por uma profunda transformação cultural com o ingresso nas universidades brasileiras de alunos oriundos das cotas.

Ainda ontem presenciei uma cena que me deixou intrigada. Uma senhora bem trajada passou e cumprimentou uma atendente de loja. Deus os parabéns pelo ingresso da sua filha na Universidade federal do Paraná.

A reação da atendente foi séria, quase seca dizendo que ela não esperava e que para ela não faria diferença, pois a filha continuaria sendo filha amada, entrando ou não para a universidade.

O caso me chamou atenção porque não é o primeiro caso de filhos de pessoas humildes que entram na universidade. O outro caso foi diferente, a mãe logo arranjou emprego junto a profissionais da área onde o filho iria atuar.

Esse é um processo de modificação cultural que trará outros conceitos aos meios acadêmicos levando-se em consideração que essa inserção signifique apoio ou desapoio junto à política governamental no que tange aos nomes dos atuais mandatários do poder.

Esses jovens trazem consigo uma formação de hábitos e costumes, os quais não sabem efetivamente a que transformações pelas quais a sociedade passará.

A mudança é perceptível, mas ontem constatei que a maneira de expressar sensações e emoções é bastante distinta daquela a qual a sociedade estava acostumada anos atrás.

Não é fácil para ninguém o ingresso numa universidade. Alguns anos atrás se costumava chamar a família e os amigos para uma reunião festiva com salgados, bolos e refrigerantes e desejava-se sucesso nos estudos.

Presenciei também outra dificuldade quando dois conhecidos entraram para a mesma sala de aula: um vindo das cotas e, o outro, oriundo de família abastada. Não tive como intermediar a situação. Não poderia oferecer nada ao mais humilde que não pudesse ser considerado como influência. Não poderia sequer contar ao mais abastado da situação do mais humilde para não influenciar em nada a vida acadêmica de ambos.

Tem horas que o melhor a ser feito é não fazer. Ambos os garotos estavam muito próximos de mim e não quis influenciar ou interferir nessa relação estudantil. Resumindo, ambos estão encaminhados hoje, formados e com as suas carreiras em desenvolvimento.

Essa relação entre as culturas certamente irá modificar os nossos conceitos e a nossa visão de vida. São culturas diferentes, quanto a isso não há dúvidas.

No entanto, é necessário que os sociólogos e conhecedores das psicologias sociais nos ajudem a conviver com essas modificações, não somente enquanto processo e desenvolvimento, mas na interação que certamente se faz necessária fora dos meios acadêmicos.

Eu também cumprimentei a atendente:

_A sua filha passou no vestibular da Universidade federal? Parabéns! Que orgulho de mãe!

A resposta veio:

_Obrigado. O que você deseja?

O jeito de pensar, agir e de demonstrar alegria é diferente. Temos que ter disposição para receber esses novos costumes que trarão resultados práticos nos consultórios odontológicos, escritórios de advocacia, etc.

Chegou o momento de pensar nisso e pedir aos estudiosos das áreas sociais que nos auxiliem nessa modificação estrutural da cultura nacional.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Acordada

Acordada

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Quando passo roupas,

Durmo à descansada.

Deito e esqueço as toucas,

Deixo a casa ao nada.

 

Sonho com estopas,

Fiapos na escovada;

Vejo as minhas louças

Limpas à passada.

 

Sono de horas moucas

Lembra ao que o dia agrada;

Foge ao sonho em frouxas

Luzes, acordada.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Cidades

Cidades

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Há muito a se fazer,

Próxima amenidade,

Diga à civilidade,

Saiba do bem querer.

 

Ponto de compreender;

Guardo a fidelidade

Junta à sinceridade;

Amo até me perder.

 

Esse abraço é se ter,

Perto a amorosidade,

Doce café e cidade

Que hoje estou a conhecer.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Cuidando de Algumas Coisas / Reflexão

Cuidando De Algumas Coisas

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O título é a frase de um software em atualização.

Esse é o mundo ideal onde nada funciona sem que seja tratado com atenção e cuidado antes da sua utilização.

Mas, pensando bem, o ser humano precisa cuidar de algumas coisas. Existem modos de dizer e fazer que nos conquistem e outros que afastam até mesmo os softwares.

Ontem, no café, uma senhora contava para as amigas que antes de chegar ali para encontrar-se com as amigas, havia preparado sanduíches e deixado o suco pronto na geladeira para os filhos. Eles tinham ido à piscina para praticar natação e, ela disse que a natação dá fome.

Eu prestei atenção nela quando ela disse essa frase. A natação dá fome mesmo. Tive alguma experiência com a natação, cuja atividade até hoje não aprendi muito bem, mas dá fome.

Ela estava cuidando de algumas coisas antes de sair. Nenhuma atividade que ela tivesse a impedia de sentir essa vontade maternal de cuidar dos filhos.

Existem modos para se cuidar das coisas e, com afetividade é melhor.

Temos um cardiologista na cidade que certa vez concedeu uma entrevista numa emissora de rádio para aconselhar os ouvintes a prevenirem os males do coração. Como é de conhecimento geral, ele falou dos perigos do colesterol, da vida sedentária e sobre o lado físico da coisa. Terminou a entrevista de uma maneira diferente, pedindo para que os ouvintes cuidassem das coisas do coração. Dizia ela que as pessoas devem tratar bem do seu coração, da parte afetiva da sua vida e fazer o possível para transformar a sua vida numa vida harmoniosa, feita de amor dentro de casa.

Isso faz tempo. Por fim ele ainda fez um chiste dizendo que tratar mal a própria afetividade custa dinheiro. Ele estava bastante endinheirado à custa de quem tratava mal da sua própria afetividade. Esse dinheiro que sobrava, vindo exclusivamente do desamor, ele gastava em tempo dedicado a ouvir as queixas sentimentais de quem passava pelo seu consultório.

Pensando bem, como diz a canção do Caetano e, fazendo um apelo, qual é o sentido de alguém morrer de medo, susto ou vício?

Aquela senhora me fez pensar no quanto ela trata bem a afetividade dela.

O interessante é que ela não se importava com o que as amigas pensavam. Ela chegou contando com toda a alegria que tinha deixado tudo pronto na geladeira para os filhos.

Agora aparece na tela outra mensagem do software: “Quase pronto. Fazemos dos nossos cuidados o melhor para que você possa apreciar a qualidade do nosso produto”.

Com tanto cuidado e carinho recebido do software, deixo a reflexão na rede.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Questão de Negócios / Crônica do Cotidiano

Questão de Negócios / Crônica do Cotidiano

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Pensava num tema para a segunda-feira quando ouvi a pergunta, feita por uma conhecida:

_Você sabe qual profissional é confiável naquela empresa?

A pergunta foi excelente porque não se vai a nenhum estabelecimento onde se tenha que perguntar qual profissional trabalha bem.

A empresa tem que garantir um nível médio de atendimento satisfatório e sem reclamações.

Nas megalópoles, tais como Curitiba, não adianta muito perguntar. Adianta sim verificar as reclamações contra toda e qualquer empresa antes de fechar o negócio.

Por acaso, antes da pergunta, eu conversava com gente de alguma fila nesta cidade sobre o assunto.

_Como é que está funcionando o sistema de contratação de serviços e mão de obra?

A resposta foi ótima:

_Você entra na internet e acessa a lista de produtos e serviços que você precisa. Se não houver reclamações contra a empresa, você contrata. Se o serviço não for satisfatório, você reclama.

Parece que faz parte da ética esse comportamento das grandes cidades.

Acontece que o que pode funcionar muito bem para uma pessoa pode não funcionar para outra.

Não se pede mais indicações porque ninguém é garantia de ninguém quando o assunto envolve trabalho e serviços.

Como é que se pode indicar alguma empresa quando quem vai gastar é o outro? E se não funcionar para o outro?

Para viver bem numa cidade grande, novos comportamentos são adicionados.

Nas cidades de pequeno e médio porte talvez se encontre boas sugestões.

Poucos se conhecem ao ponto de garantir a qualidade do produto e serviço oferecido. Estamos distantes uns dos outros.

Não somos responsáveis pelos outros, a menos que peçam ajuda e essa ajuda fique sob nossa responsabilidade.

Hoje se pode dizer que Curitiba tem tudo o que uma pessoa possa querer menos aqueles costumes antigos de saber quem é o dono da panificadora ou da farmácia.

Eu voltei para casa me perguntando se não fui dura na resposta:

_Minha senhora, não vá aonde a senhora precisa saber o nome dos funcionários pelo nome e a qualidade de serviço de cada um. É trabalho! As afinidades necessárias não passam de competência técnica e são obrigatórias para que a empresa não abra falência.

Eu sei muito bem que a troca de ideias faz falta, mas até nisso cada um tem que se virar sozinho.

Nada como uma típica segunda-feira em Curitiba!

domingo, 25 de janeiro de 2015

Pedidos / Carta Literária

Pedidos
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Curitiba, 25 de janeiro de 2014.
Prezado Chico,
Prezado amigo, peço gentilmente que me envie uma carta, um email, um bilhete, ou até mesmo uma mensagem via celular.
O dia amanheceu ensolarado e, o sol e o calor, parece- me afetar a população.
Assim que coloquei o nariz para fora da porta, comecei a responder:
“O problema é seu, não meu.”
Veja lá se não tenho razão, pois nada tenho a dizer para quem frequenta a igreja evangélica e o templo egípcio. Eu não faço a mínima ideia em que ela acredita, nem aonde vai posto que não frequente onde vou.
Uma amiga para próxima ao lugar onde estou e deseja com o desejo dela que eu seja o que ela jamais foi. Não tenho vocação para o balé, nunca tive. Não adianta insistir. Problema dela.
O jornaleiro está cansado de saber onde pego o meu jornal. Mas, ele deu risadas.
O político distribui calendários na porta da igreja, aceitei e o ofereci a Deus, deixando-o no banco da igreja. Esse é um problema de Deus e da igreja porque acreditamos num estado laico.
E assim por diante, os equívocos se sucederam.
E, com a minha roupa marinheira, em homenagem aos amigos que estão na beira da praia, ouço sobre mais e mais equívocos ocorridos durante a semana.
Mas, foram tantos os equívocos, que penso que algo não está bem.
E não é comigo e o problema não é meu.
Pessoalmente, tive conversas frutíferas e precisas sobre a necessidade de se preservar a privacidade dos amigos e amigas.
Percebo, entretanto, que algumas pessoas parecem correr e não andar, como é normal numa manhã comum de domingo.
Eu não consigo pensar sem que logo me surja uma canção na cabeça.
A manhã foi tão confusa que acabei orando pelo Chico, o Buarque alem de orar por todos aqueles que realmente precisam: os que estão doentes e passam por sofrimentos, aqueles que, durante a semana me contaram sobre os seus tratamentos.
Sem blasfêmias, com o coração. Bons são os caminhos do Senhor.
Se souber de algo, mande carta, email, bilhete ou mensagem.
Ana Maria.

sábado, 24 de janeiro de 2015

Transcendental

Transcendental

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Essa cultura que me habita,

Como pedaço de minh’alma,

Faz-me sentir paz infinita,

Desapressada sem ser calma.

 

Pensa em soltar laço de fita,

Desassustado e por igual

Num arremate que saltita

Livre ao papel, ascensional.

 

Ama e desama e não é desdita,

Veste que é pura e universal;

Segue naquilo que acredita,

Sábio querer transcendental.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Dia de Folga





Divirtam-se comigo!



Um abraço, Yayá.

Deslumbrante

Deslumbrante

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O poema não conta,

Ele, ao verso, se monta,

E faz pingo e mar

Até marejar.

 

E, assim se desmonta,

Em livro que afronta,

Discorda o cooptar

Porque é deslumbrar.

 

Ao ser faz de conta,

Ao sonho desponta

Vontade a passar,

Querer começar.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Momento

Momento

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A cor voltou,

O sol brilhou

E veio o calor.

 

O chapéu voou

E me levou

Ao bem compor.

 

Eis que passou

 

Um beija-flor.

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

O Gato e o Piano / Crônica do Cotidiano

O Gato e o Piano

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Ao fazer os exercícios musicais os pássaros começam a cantar e é bom ouvi-los.

Mas o som estava muito forte e, saí à janela.

Um gato dormia e vários pássaros piavam em volta dele.

O gato não se mexia.

Pensei que estava morto.

Olhei uma, duas, três vezes. A cena intacta. Os pássaros cantavam alto, e muito próximo ao gato.

Ele estava sobre o muro e, eu comecei a ficar nervosa com o desespero dos passarinhos em volta do gato.

Gato sem dono, mas que vive bem na cidade grande, pois encontra alimentos facilmente.

Parei de estudar e, após conversar em casa com um familiar para perguntar qual seria a melhor atitude e, ouvir que, se não fosse para trazer o gato para dentro de casa, que não cuidasse. Não se alimentam falsas esperanças de casa para os animais de estimação.

Contei da situação do gato para alguém que passou por perto.

_Depois a gente manda recolher.

Perdi a vontade de estudar. Peguei uma caneca com água, saí e cheguei perto do gato.

Obviamente não joguei a água em cima do gato, mas ao lado.

O gato, somente com o barulho da água abriu os olhos e ficou me encarando.

Parece que eu o acordei.

Parece que eu o impedi de caçar passarinhos. Era o que o olhar dele contava.

Os passarinhos que estavam preocupados com o gato e que o rodeavam parecendo sentir pena, ao perceberem a cabeça do gato levantada e o olhar dirigido a mim, afastaram-se rapidamente. A preocupação agora era com eles mesmos. Mesmo assim continuaram no muro observando o que iria acontecer.

O gato me acompanhou com o olhar enquanto eu observava se ele estava saudável.

Entrei em minha casa, o gato levantou e saiu muro afora e os pássaros voltaram para as árvores, o seu lugar adequado e protegido.

Onde se viu gato que se aproveita da música para caçar passarinho?

Era só o que faltava!

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Canoa

Canoa

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Peixe fora d’água

Não tem asas e voa,

Segue o prumo e nada,

Numa imagem boa.

 

Triste é toda mágoa

Quando não perdoa,

Mas, perdão não draga,

A água que dele escoa.

 

Joga fora a paga,

Segue e não se enjoa,

Busca nova plaga,

Que a vida é canoa.

domingo, 18 de janeiro de 2015

Orações ao Alto / Crônica do Cotidiano

Orações ao Alto / Crônica do Cotidiano

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Ainda gosto de orar aos domingos, é o meu jeito de expressar a fé.

Mas esse domingo foi diferente dos outros. Parei com as orações agora, por volta das dezesseis horas.

Depois da igreja, a saída para o lanche do almoço.

Na mesa ao lado o Padre católico contava da viagem à Itália. Por sorte minha, estava acompanhada de bom Católico. Ouvimos, sem querer, pela proximidade das mesas, uma bonita preleção sobre o amor e o pecado, além das paisagens italianas. Um almoço abençoado, diga-se.

Depois fomos passear num Shopping Center. Cruzamos pelos corredores com um Rabino. Cumprimentamos respeitosamente com um menear de cabeças.

Tantas orações não dependeram da nossa vontade, mas da Dele.

Esse foi um domingo diferente, com uma profunda interferência da esfera divina em nossas almas.

As percepções religiosas variam de indivíduo para indivíduo, mas pareceu-me como continuações sobre um mesmo tema.

Assim como temos variações musicais sobre um tema, desenvolvimento e conclusão, assim foi o dia.

O Pastor nos explanou sobre a esperança, a fé e a caridade, entre outros motivos de preleção.

O Padre disse sobre o amor, sentimento que obrigatoriamente está inserido nas relações interpessoais. Disse também do pecado que é não termos com o nosso próximo, relações interpessoais onde o amor esteja inserido.

Saí do almoço, cuja preleção sucedeu a feita na igreja, pensando no Apóstolo Paulo, especificamente na Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios, capítulo 13, copiado abaixo:

1 Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.

2 E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.

3 E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.

4 O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.

5 Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;

6 Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;

7 Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

8 O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;

9 Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos;

10 Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.

11 Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.

12 Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.

13 Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.

 

Ao cruzar com o Rabino durante o passeio no Shopping Center, pensei no Apóstolo Paulo (Saulo) e no profundo conhecimento da sua fé. Ele é elo de união entre judeus e cristãos.

O domingo foi diferente e, humildemente, peço que reflitam comigo sobre esse dia.

Que Deus esteja com vocês!

sábado, 17 de janeiro de 2015

A Diferença

A Diferença

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Na mesa ao lado os jovens conversavam e, as indiretas se sucediam.

_Dizem que ela está diferente, mas qual o quê? Vimos e ela está bem, com aspecto de bem estar. Pelo que ouvíamos ela deveria estar com o rosto contristado, reprovador de todos e contra todos. Esperávamos encontrá-la com jeito magoado, afinal, todos nós sabemos que ela sofreu. Até compreenderíamos o seu tom entristecido, se fosse o caso.

As indiretas se sucediam e José Reinaldo, irmão de Josefina ouvia, em silêncio.

_Penso que fomos estúpidos e, em algum momento, ela foi atingida pela nossa estupidez. Mas não foi por mal. Se for essa a questão, até mesmo, pedimos desculpas.

José Reinaldo era de pouca conversa e mudou o canto do sorriso da boca, calado.

_Também não quero julgar, mas ela não se veste como quem está de luto. As roupas são coloridas e normais. Até que ela está ajeitadinha.

José Reinaldo não era de falar, mas abriu a boca.

_Podem parar com as indiretas. Ela é cristã. Vocês não entendem como eu também não entendia. Eu entendo vocês porque eu sou como vocês. Exatamente como vocês. Eu me sinto bem com esses nossos valores de fé. Ela também se sente bem.

A outra mesa parou para ouvir o José Reinaldo falar o que tinha para dizer.

_Ela mudou a maneira de pensar, mas não foi por culpa de ninguém. Houve uma espontaneidade nisso, foi tudo muito natural. Para que serve essa culpa toda gente? Se ela não os pode perdoar é porque não está magoada com vocês. Se, para ela está bem, para mim, melhor.

A outra mesa revidou:

_Ela mudou as atitudes.

José Reinaldo olhou seriamente para os conhecidos:

_Sim, ela mudou as atitudes. Mas ninguém perguntou o porquê dessa mudança. A história de cada um é diferente e, a dificuldade, faz com que todos mudem de atitudes. Estamos em constante evolução e modificamos os nossos comportamentos, esse é um valor intrínseco à vida.

Eles quiseram saber que mudança era aquela.

José Reinaldo disse que, fosse o que fosse o que mudara de fato foram as respostas, porque as dificuldades continuavam aparecendo e, a grande diferença eram as respostas escolhidas às questões.

_Nenhuma resposta é semelhante àquelas anteriores. De jeito nenhum eu digo que as respostas anteriores estavam erradas, mas as novas respostas são igualmente pertinentes. Em resumo, as novas respostas não me aborrecem, mas sei que são e serão diferentes das anteriores.

As pessoas da mesa disseram que não entenderam.

_Eu entendo, ela é da minha família e chega de falar de quem é da minha família.

Os conhecidos olhavam para ele com estupefação.

_Está tudo bem com você?

Ele disse que estava. Despediu-se dos conhecidos e foi para casa pensando como é difícil a compreensão entre pessoas tão próximas, ciente que nada mais tinha a dizer.

Estava tudo dito e incompreendido.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Redemoinhos

Redemoinhos

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Saio por entre outros caminhos,

Tantos apreços à passada;

Essas flores sem espinhos

Correm mais que bicas d’água.

 

Dizem versos comezinhos,

Comem pães com marmelada,

Contam rimas em quadrinhos;

Sílaba certa postada.

 

Risos certos, aos pouquinhos,

Chegam logo à deslavada,

Tanto quanto os pergaminhos,

Guardam sonhos a morada.

 

Flores secas, bilhetinhos,

Mal não fazem à enfeitada

Lágrima dos redemoinhos

Rodeando esse tudo ou nada.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

O Novo Programa de Rádio / Crônica do Cotidiano

O Novo Programa de Rádio / Crônica do Cotidiano

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O som da música popular brasileira estava agradável e diferente do comum. Pergunto ao motorista sobre o cd e se está para baixar na internet, ou, se está à venda nas lojas especializadas.

_É rádio, dona. Programa novo de rádio.

Como as músicas tocadas fossem de compositores e cantores que eu não conhecia, devo ter feito alguma expressão no olhar de quem entendeu, posto que o motorista apressou-se em responder:

_Não é aquela rádio que toca a cultura. É outra.

Acendeu o painel do rádio e mostrou a estação emissora.

Eu gosto do som com todos os instrumentos delineados aos ouvidos, disse distraidamente. No caso da canção, o tamborim e a cuíca tocados conforme o som do Rio de Janeiro.

_Eu sou do Rio, disse ele. Aqui é bom para trabalhar, mas eu sinto falta desse som.

Não quis mexer com a saudade dele. Contei que ouço pouco o rádio e que não conhecia as programações das emissoras.

_Eu também não ouço rádio, disse ele. Eu trago comigo os cds de mp3, mas entre um freguês e outro fico procurando no rádio alguma canção que eu possa gostar. Achei esse programa que tem dia e hora marcada na semana, facilitou a minha busca.

Lembrei que a Rádio Nacional do Rio de Janeiro tem programas específicos de gêneros musicais.

_É verdade. Lá no Rio temos várias estações de rádio com programações temáticas. Aqui temos poucas emissoras com programas temáticos. As programações temáticas dependem da população que ouve rádio. Todos os meus fregueses procuram estações com músicas que os agradem, mas, quando não encontram, ouvem as canções que eles nem sabem se gostarão de ouvir de novo.

De vez em quando eu também procuro uma canção que goste de ouvir na rádio.

_O melhor é ouvir cd e mp3 quando a gente não encontra nada que goste. Desse jeito a sugestão para a emissora fica implícita na pesquisa de opinião de audiência. Eles não fazem programas pilotos porque nós aceitamos as músicas que são tocadas, muitas vezes sugeridas por gravadoras e produtores.

Gostei do conhecimento cultural dele. Mostrou conhecimento de música popular brasileira de um jeito tal, que é elogiável.

_A emissora de rádio é um veículo importante para a população. Se eles não mostram os lançamentos, nós ficamos ouvindo as mesmas canções que não gostamos por meses a fio. A cultura da população fica bloqueada e isso atrasa o desenvolvimento cultural do país.

O conhecimento dele era tanto que eu não soube continuar a conversa sobre gravadoras e produtores, mas elogiei a qualidade das canções da emissora.

A corrida terminou e era hora de descer do táxi com a sensação de saber que as estações de rádio conseguem impor determinadas canções e compositores na medida em que nós aceitamos ouvi-las.

Pois é.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Devaneio

Devaneio
Calçada
E quando olhares ao chão
Verás possíveis colcheias
Dizendo ao teu coração
Do amor que vive em areias,

Nas águas, sereia e canção,
Que as dunas são elo em bateias,
Faróis do dia, encantação,
Dos zelos próprios; candeias.

Romântica exclamação
Dos tempos, mar que permeias,
Molhe e convés da emoção;
Carinho em sóis devaneias.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Mote

Mote

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Encontrei esse meu sorriso

Sem batom e sem retoque,

Encontrava-se impreciso,

Precisando de um reboque.

 

O descaso é sobreaviso

De enfadonho não me toque,

Não se faça algum juízo

Sem batom que se coloque.

 

E o refiz sem mesmo aviso,

Sem dó, ré, mi que se anote;

Como fosse de improviso,

Num repente, dança e mote.

domingo, 11 de janeiro de 2015

Boas Palavras

Boas Palavras

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Palavras boas são ditas,

Porque muitos não as sabem,

Ignoram as benditas;

Precisam alguém: achem.

 

A dor vem das desditas,

Depois, que assim se acalmem.

Depois, dizem malditas,

E um lobo, essa contagem...

 

Falar de amor são fitas

Que enlaçam toda imagem

Da paz das Beneditas;

Tranquilas, com coragem.

sábado, 10 de janeiro de 2015

Anexação

Anexação

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Não há poema.

Há, sim, canção.

Veio sem algema;

E, à gratidão.

 

Nenhum fonema.

Sem ilusão,

Chega ao cinema

Nessa amplidão.

 

Música é tema

E sensação;

Hoje faz lema

E anexação.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Garoto de Futuro / Crônica de Supermercado

Garoto de Futuro / Crônica de Supermercado

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Para a minha alegria as filas voltaram! O supermercado volta a ter público, fila e história para contar.

Garotos de dezoito anos, no máximo no segundo emprego.

Um comenta com o outro que o chefe é muito exigente.

O outro concorda com o colega:

_Ele é exageradamente exigente. Você sabe o que isso significa?

O garoto que tinha feito o comentário ficou olhando para o colega sem saber o que responder.

_Eu sei o que significa e digo para você. Toda pessoa muito exigente sofre de desperdício!

O garoto continuou sem ter o que dizer, mas para continuar a conversa perguntou se muita coisa era jogada fora.

Deixo a linguagem coloquial e informal para ser fiel ao que presenciei.

_Permita-me que eu explique melhor. Suponhamos que eu trabalhe como repositor de produtos para alguma empresa. Eu coloco dez produtos e dois são jogados fora por motivos vários tais como prazo de validade ou alguma embalagem com defeito. São coisas que acontecem. Muitos são os motivos que levam ao desperdício. Até mesmo alguém que danifique a embalagem por maldade. Nem todo o mundo é bom.

O garoto ficou atento para entender os ossos do ofício, as dificuldades que teria que enfrentar.

_Ele exige que se faça a conferência, a contagem, a verificação da qualidade por amostragem e mesmo assim o problema do desperdício o preocupa constantemente. Nós nos baseamos em estatísticas, mas não encontramos meios para reverter o desperdício. Outro dia eu mesmo fiquei chateado porque após deixar tudo em ordem conforme as exigências, uma embalagem se abriu por defeito de fabricação.

O garoto ouvinte pareceu-me esforçado e queria saber o máximo sobre as dificuldades de trabalho e sobre o chefe.

_Ele mesmo sofre de desperdício porque a obrigação dele é cobrar e exigir, conferir o nosso comportamento, verificar se colhemos as amostras em quantidade suficiente para o controle de qualidade da empresa. Essa é a vida dele e o ganha-pão dele. Às vezes parece que eu o entendo tão bem que até gosto das exigências dele e de trabalhar com ele. É bom trabalhar com gente de bem que faz de tudo para que o negócio cresça, as vendas e os lucros aumentem.

O garoto que questionou o excesso de exigência, sorvia tudo o que o outro dizia, compreendeu que a exigência não era com ele; era parte do sistema de trabalho e ficou feliz porque estava empregado.

Garotos bons, chefe bom.

Dia bom

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Bom Entendedor

Bom Entendedor

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E vê-se o triste,

Irremediável

Silêncio em riste.

 

E, se consiste,

Do abominável,

Que assim persiste.

 

Ao que se assiste,

 

Interminável.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Escola de Rebeca Methodo / Reflexão

Escola de Rebeca Methodo / Reflexão

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Mais um livro salvo. Um livro de música, chamado Escola Rebeca Methodo veio até as minhas mãos. Alguém que começou os estudos de violino e parou. Mas o livro contém os acompanhamentos para piano e me perguntaram se eu queria o livro.

Salvar livros é boa ideia e me apraz quando posso adquirir algo que me trará sabedoria.

O nome Rebeca ecoava em meus ouvidos durante o caminho da volta.

Rebeca, a mulher que permitiu Jacó. Rebeca, a personagem que se transformou em polêmica infinda. Rebeca, cujo nome significa aquela que une.

Ao permitir que Jacó se apresentasse a Deus, Rebeca fez o Rei e o terceiro patriarca, conforme o Gênesis.

Uma permissão que, segundo o livro do Gênesis, mudou a história da humanidade. Uma permissão não permissiva, uma permissão dentro do poder de decisão dela, Rebeca.

Atrás dessa permissão o poder terreno existiu. Por detrás do trono está Rebeca e o poder conferido a Jacó não é senão o poder da sua educação aos filhos. Esaú não foi homem sem poder, mesmo não sendo tão poderoso quanto Jacó. Rebeca era a rainha oculta, aquela que permitia isso ou aquilo. Não sem ousadia, mas também sem máculas nessa permissão.

A outra Rebecca também veio à lembrança. A Rebecca do livro de Daphne Du Maurier, que polemiza com o livro A Sucessora, de Carolina Nabuco, cujo livro foi tema de novela no Brasil.

Que mulher é essa que se transforma em sucessora de um poder que não conheceu? Essa Rebecca que, mesmo depois de morta, governa a mansão através de um retrato, ao qual, a maioria dos serviçais obedece à memória das coisas que ela gostava ou, dizia gostar. O mito maior que o ser humano vivo e presente submetido às ideias de como seria o perfeito, nesse caso, a sucessora perfeita para a mansão.

Volto-me ao livro de música onde o piano acompanha o violino: Escola de Rebeca.

A Rebeca é o violino e o piano, o instrumento que acompanha o violino onde há a menção e o permitido.

Ilações às vezes não passam de pensamentos entre um semáforo e outro, mas algumas perguntas, a partir de hoje, precisarão de respostas.

Quem ou o que determina o que é permitido ou proibido? Essa é uma pergunta que devemos nos fazer e buscar as respostas adequadas. Que interesses ou poderes hão por detrás de uma permissão?

A que mitos estamos sujeitos sem que haja vontade? Porque existem mitos aos quais estamos sujeitos. Enquanto a idolatria diz respeito à adoração de algo, o mito é deidade invisível que pode modificar parâmetros de vida sem nada que o justifique.

O permitido não me chamava atenção, agora chama.

Quem me permite reclamar ou a quem é permitido reclamar de alguma situação? Quando e sobre o que?

Coincidência de ouro foi essa que me aconteceu hoje, é tudo que posso dizer.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Circular

Circular

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Fechado para balanço,

Descanso para o feriado.

Balanço para o descanso,

Feriado para o fechado.

 

Feriado para o descanso,

Balanço para o fechado.

Descanso para o balanço,

Fechado para o feriado.

 

Fechado para o descanso,

Descanso para o fechado.

Feriado para o balanço,

Balanço para o feriado.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Cultura Musical / Crônica do Cotidiano

Cultura Musical / Crônica do Cotidiano

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Doeu e muito o tema do vestibular da FUVEST. Porque quando se gosta de algo como cultura, há o esforço em se saber mais.

Eu não saberia o que é camarote se não fosse um concurso cultural para um show na Pedreira Paulo Leminski. Levei o meu irmão na marra porque ele não queria ir e se, ele foi ao show, foi por mim. Se eu não tivesse ganhado o concurso cultural, eu não iria.

Camarote não faz falta pra ninguém. Para assistir a um show é preciso não ter compromissos na manhã seguinte e é esse o motivo da maioria dos shows acontecerem aos sábados. Shows durante os dias de semana são impraticáveis para o artista e para o público em geral.

Há uma visão distorcida da juventude. A diversão depende do dia de folga, da saúde, da disposição dos amigos em se divertir. Ninguém assiste show, desacompanhado de parentes, amigos e conhecidos, na Pedreira Paulo Leminski.

Em Curitiba o clima varia muito e, aconteceu certa vez de entrarmos na fila da Pedreira com a temperatura na marca dos vinte graus por volta das cinco da tarde e cair abruptamente para seis graus centígrados. Um funcionário da prefeitura fez questão de me emprestar um poncho feito de cobertor popular. Eu aceitei humildemente porque teria que desistir do show e voltar para casa para não ficar doente.

Cada um frequenta a cultura do jeito que pode e em acordo com as circunstâncias da sua vida.

Eu pergunto agora, com se fosse ao tempo da minha juventude: quantos jovens iriam ao cinema para assistir uma ópera filmada num teatro? Eu fui e paguei meia-entrada. As óperas têm público pequeno e são caras. O custo de produção da ópera é altíssimo e o ingresso tem que ser caro. Não existe elitização no custo do espetáculo.

Conto ainda outra forma de se assistir ópera: as provas das escolas de formação musical são abertas ao público e foi assim que assisti Cleópatra, de Handel.

Ainda, dentro da atualidade, quando soube que a garota chamada Amy Lee, do Evanescence tocava piano, fui ao show de heavy-metal. Na volta os pontos de ônibus estavam com filas inimagináveis e os pontos de táxi, vazios. Andamos a pé quatro quilômetros até conseguirmos uma condução. Chegamos a casa às cinco da manhã por conta da caminhada naquela procissão que clamava por ônibus e táxi em direção à Praça Tiradentes no centro da cidade. Todos se divertindo e brincando uns com os outros para ajudar no fôlego daquela caminhada após assistirem o show em pé na Pedreira.

Tínhamos espetáculos em estádios de futebol aos quais jamais frequentei. O custo era acessível, mas a distância e as quintas-feiras tornavam as coisas difíceis. Sábado, possível. Quinta-feira, não.

Pessoalmente não acredito em elitização cultural, acredito na falta de segurança para que se realizem grandes shows onde frequentem multidões.

A falta de segurança, essa sim, cria e alimenta o camarote. Porque os pequenos espaços podem ser seguros.

Outra questão derivada, também depende da juventude a condição da segurança para que existam grandes espetáculos ao ar livre. A juventude tem força contra atos daninhos ao patrimônio público, ou seja, aos ônibus, às floreiras. As latinhas de refrigerantes são para serem jogadas no lixo, não nos amigos.

Também acho inadmissível que toda uma geração esteja impossibilitada de irem aos grandes espetáculos realizados em parques e grandes locais, por conta de meia dúzia de mal intencionados, contra os quais não há controle adequado.

Não vejo motivo, porém, para a falta da busca de cultura. Também não vejo motivo para a falta de revistas especializadas em novidades musicais. Ao contrário, penso que a mídia poderia investir em matéria escrita a respeito dos novos cantores, nas bandas nacionais e internacionais que chamam a atenção pela qualidade do trabalho elaborado.

É verdade que diminuíram os shows, mas também não compramos mais CDs. Os lançamentos musicais são feitos pelo Youtube e, um amigo me indicou um site bastante interessante para quem gosta de música: Sound Cloud. É possível fazer download do Sound Cloud e ouvir as novidades pelo gênero musical preferido.

A mudança nos hábitos e costumes havidos pelas mudanças tecnológicas constitui um fator a ser considerado. A cultura acompanha o tempo cronológico, e, assim como estamos em blogs e redes sociais, a cultura está inserida no meio virtual. Já assistimos shows e palestras virtuais. O camarote, nesse caso, é o computador. Vivemos numa era de intensa comunicação virtual, o que não deixa de ser uma deformidade da necessidade de contato social que precisa de análise. O computador faz às vezes de tirano com o nosso consentimento. O contato humano não é substituível pelo virtual. Esse é um problema a ser resolvido porque podemos desaprender o bom convívio social.

Penso que nenhum governo pode democratizar a cultura, mas pode impedi-la, como acontece nos países de regime fechado. Não é o caso do Brasil.

A FUVEST mexeu comigo, mas não sei se passaria no vestibular com uma resposta dessas. Aliás, gostaria e muito, que as redações dos primeiros lugares fossem divulgadas ao público com a permissão da direção da faculdade e a permissão dos primeiros colocados. Gostei do tema, embora não tenha gostado do neologismo “camarotização”.

Estava ansiosa para escrever aqui, hoje, queria dizer o que penso e sugerir alguma coisa.

Grata pela paciência e leitura desse meu desabafo.

domingo, 4 de janeiro de 2015

O Analista / Crônica do Cotidiano

O Analista / Crônica do Cotidiano

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Agora que o meu lado espiritual está devidamente alimentado é hora de verificar o cotidiano.

Hoje em dia não lemos, ouvimos ou vemos os meios de comunicação em massa como jornais, rádios e televisões sem que haja a presença de um analista, a chamada âncora de programa jornalístico.

A análise isenta e baseada em constatações ajuda e muito a quem consegue um tempo a mais para ouvi-la.

Não importa a emissora-empresa de meio de comunicação. As análises ajudam-nos nas prospecções futuras a curto e médio prazo, mesmo que contenham expressões fortes, pois, sendo isentas e não tendenciosas levam os seus ouvintes e telespectadores a tirarem conclusões.

É necessário explicar a diferença entre o que se chama de tirar uma conclusão através de uma análise isenta da condução imprópria do raciocínio.

A análise isenta permite que lidemos com a realidade que temos, independentemente de questões ideológicas ou das individualidades de cada um.

Dentro dessa isenção, dessa não tendenciosidade, é óbvio que a opinião particular do analista é exposta e válida.

Também cabe ao ouvinte ou telespectador a interpretação da opinião do analista. Meio de comunicação de massa é meio, não fim. É abrangente, não excludente.

A tendência de todo e qualquer analista, para o público mais esclarecido, é transparente. Não aquela transparência que nem mesmo a janela mais polida do mundo consegue ser pela impossibilidade física.

Algumas análises são fascinantes, úteis, imprescindíveis.

Aproveitei a semana para me atualizar, saber do cotidiano no qual todos se inserem.

Parabéns aos analistas que fizeram todo o possível para que compreendêssemos a realidade do cotidiano!

Porque não se deve deixar de elogiar um trabalho bem feito, um raciocínio lúcido, uma perspectiva correta do que podemos esperar ou não.

Estamos no começo do ano, podemos planejar os nossos objetivos e as análises coerentes muito contribuem para o cotidiano.

O meu muito obrigado a todos vocês.

Aos que me lerem também. Programas jornalísticos valem a pena serem assistidos.

sábado, 3 de janeiro de 2015

Hipóteses

Hipóteses

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Que horas são essas,

Pensamento

Em caleças?

 

Quais promessas

Traz o tempo

Que confessas?

 

Desconheças

 

O que avento...

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Continuação

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Quem vê um, sabe dois,

Deduz à razão;

Porque o hoje é depois,

E o ontem foi à emoção.

 

Não se contrapôs,

Não desdisse a ação,

Também se dispôs

A não ser fração.

 

Inteiro se apôs,

Seguiu o coração,

Transformou-se em, pois,

Continuação.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Palavras que Não são Minhas

Palavras que Não são Minhas

2015

As palavras não são minhas e não são resoluções de Ano Novo, simplesmente aconteceram.

1º - De hoje em diante eu acredito!

Estou cansada de gente que não acredita em nada, que acha que a juventude é vazia, que diversão não existe e que o mundo não tem jeito.

Estou sem paciência com todos os donos da verdade, que de tão donos da verdade se esquecem de que, de vez em quando, todos erram.

Hoje decidi acreditar que os meus amigos são, de fato, meus amigos.

Tomei ciência de que a grande maioria dos pais e mães quer o melhor para os seus filhos.

Hoje senti que me faz bem me preocupar com quem está ao meu lado.

Entendi o sentido de fazer bem sem olhar a quem, pois, somente Deus, sabe quem precisa e não eu.

Hoje senti uma alegria nova ao ver a vida de outro jeito. Ontem me deitei para dormir e acordei sorrindo como se houvesse uma mudança extraordinária dentro de mim.

Ontem não bebi para comemorar a passagem de ano, aliás, eu não bebo nada alcoólico.

Mas, hoje, acordei com essa sensação de ser aceita do jeito que sou, com a minhas procrastinações, com essa mania de andar de havaianas dentro de casa.

Hoje não quero ser mais moça ou mais velha, a idade não importa quando por dentro, sou outra pessoa.

Sinto como se tivesse deixado para trás toda a minha rabugice e quero contentar a quem encontrar pelo caminho.

Ontem, ainda ontem, eu cumpria a meta de jantar em família sem atrapalhar. Hoje acordei com vontade de ajudar. Ajudar com o que eu puder, sem me preocupar muito com a tarefa e o tempo que levará. É feriado e não tenho nada para fazer.

Saí apenas para desejar Feliz Ano Novo aos vizinhos.

Eu não sei como é que isso se deu, mas na minha alma algo positivo aconteceu.

De ontem para hoje.

Quem conversou comigo ontem à tarde não sabe do fascínio que sinto por esse novo eu, o qual eu mesma me dei conta ao acordar.

O mundo irá dizer que foi algo que eu comi. Eu tenho certeza que não.

Deixei a falta de fé no ano passado. Parece que a vida sorriu para mim.

Hoje não quero criticar, reclamar, falar de coisas sérias. Estou gostando de conhecer essa alegria nova que veio ao espírito. Alegria que eu desconhecia por completo mesmo tendo aquilo que o dinheiro pode comprar.

Hoje, agora sim, isso é um “milagre”: não quero comprar nada novo e não quero nada especial.

Como o que sobrou do jantar de ontem como se a refeição fosse nova e recém-preparada e agradecendo o sabor de cada alimento.

Se hoje fosse ontem, eu estaria planejando detalhadamente cada dia e fazendo prospecções para os meses vindouros. Mas, hoje, não consigo pensar em futuro. Usufruo a vida como se tivesse ganhado uma alma novinha em folha.

E me parece que não tenho doença alguma, ao contrário, estou saudável, em acordo com a minha idade.

Ora, isso lá é idade para me sentir renovada?

Aconteceu!

Hoje acordei contente e com vontade de acreditar nas pessoas, na vida e no futuro.

E aconteceu comigo, eu que não acreditava até ontem que tal coisa pudesse me acontecer.

Hoje eu tenho que refletir. Eu preciso saber como é que eu vou lidar com tal sentimento.

Esse negócio de acreditar, essa surpresa, essa disposição... E vou me olhar no espelho mais uma vez. Para sorrir porque hoje acordei feliz.